Em meio à divisão entre sindicatos dos docentes, mais da metade das 59 universidades desistiu da greve; definição pode surgir até 6ª-feira
O número de universidades federais que decidiram encerrar a greve dos professores, completamente ou em alguns câmpus, já chega a 33, segundo o Ministério da Educação (MEC). O número representa mais da metade das 59 instituições espalhadas pelo País.
Apenas na última semana, nove universidades resolveram pôr fim à paralisação iniciada em maio, segundo levantamento do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), a entidade de maior representação da categoria.
Mesmo assim, no comunicado divulgado ontem, a entidade manteve a indicação de manutenção da greve, após centralizar as informações das assembleias dos sindicatos de docentes das 51 instituições filiadas.
A nota aponta que pelo menos 12 universidades optaram pela manutenção da greve sem pretensão de saída unificada, em assembleias realizadas na última semana. São elas: as universidades federais do Amazonas, do Pará, do Piauí, da Paraíba, de Alagoas, do Tocantins, de Mato Grosso, de Viçosa, de Ouro Preto, do Paraná, de Pelotas e Federal Rural do Rio de Janeiro,
Na Universidade Federal do Paraná (UFPR), a manutenção da greve foi aceita com uma pequena diferença de votos. "A gente fez uma assembleia com 460 professores e a continuidade da greve foi decidida por uma margem de 15 votos", afirma o presidente da associação dos professores da UFPR, Luis Allan Künzle.
Saída coletiva. Uma nova rodada de assembleias gerais por todo o País deve ocorrer entre hoje e sexta-feira.
Segundo o comando nacional de greve, sediado em Brasília, 25 representações sindicais dos professores das instituições de ensino superior optaram por continuar paralisados, mas com pretensão de saída coletiva. A Universidade Federal Fluminense (UFF) é uma delas.
De acordo com a presidente da associação dos docentes da UFF, Eblin Faragem, a expectativa era de que o comando nacional decidisse pela saída unificada da greve especificando uma data. "O comando deliberou pela continuidade da greve, sem indicar uma data de suspensão", diz Eblin.
Segundo o MEC, o governo federal encerrou as negociações com os sindicatos dos docentes e com as outras categorias, pois a Lei Orçamentária Anual (LOA) foi encaminhada ao Congresso Nacional em 31 de agosto. O projeto de lei (PL 4368/2012) encaminhado ao Congresso pelo Ministério do Planejamento em agosto prevê um aumento entre 25% e 40%, além da redução do número de níveis de carreira de 17 para 13. O impacto no orçamento chega a R$ 4,2 bilhões.
A adesão ao plano de reajuste salarial foi negada pelo Andes. Em sua contraproposta, a entidade abre mão do aumento salarial e dá preferência à reestruturação da carreira. Além disso, parte dos professores critica outros pontos no PL, como a avaliação externa dos professores e a não possibilidade de progressão de carreira dos docentes em estágio probatório.
Calendário. Na semana passada, três grandes universidades optaram pelo fim da greve: as federais de Minas Gerais, de Pernambuco e da Bahia. Engrossam a lista as universidades de Brasília, as federais do Rio Grande do Sul, do Ceará e do Rio de Janeiro.
As aulas já foram retomadas ontem na Universidade Federal do ABC (UFABC) e na federal do Ceará (UFC). Na UFC, o calendário acadêmico já foi estabelecido. O primeiro semestre letivo de 2012 finaliza no dia 29 de setembro. O segundo semestre começa em outubro e vai até 28 de fevereiro de 2013. Segundo o MEC, maioria das universidades que já saíram da greve tem previsão de retorno no próximo dia 17. / COLABOROU LAURIBERTO BRAGA, ESPECIAL PARA O ESTADO
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