sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Abertura do I EREIPA


“I Encontro Regional de Educação Popular, Intergeracional, Patrimonial e Ambiental: Reflexões Transdisciplinares”


Após meses sem postar, saúdo os internautas e trago nessa  Publicação de hoje um apanhado geral do que vem sendo discutido desde ontem (10/12/2012) e hoje no evento realizado pelas Universidade Federal de Campina Grande e Universidade Estadual da Paraíba, intitulado “I Encontro Regional de Educação Popular, Intergeracional, Patrimonial e Ambiental: Reflexões Transdisciplinares”. Acho relevante publicar algo sobre o evento, pois trata-se de um campo transdisciplinar que não deixa de envolver o ensino.

O evento que tem como objetivo reunir docentes e alunos do meio acadêmico-científico, além dos atores sociais das diversas faixas etária para colocar em discussão experiências de pesquisa e extensão, além de histórias de vida relacionadas aos campos dos saberes da Educação Popular, Intergeracional e Patrimonial numa perspectiva transdisciplinar.

No primeiro dia, tivemos uma mesa-redonda que destacou experiências nos campos da Cultura Popular, Educação Ambiental e Educação Patrimonial. Um dos expositores que tratou da cultura popular, o Prof. Dr. Francisco de Assis, destacou um pensador que diz “a cabeça pensa a partir de onde os pés pisam. Para compreender, é essencial conhecer o lugar social de quem olha" (Leonardo Boff).

No segundo dia tivemos duas mesas. 

1ª Mesa:
A primeira mesa contou com a participação do professor Dr. Luiz Custódio, com uma discussão na área do jornalismo. Nomes como José Marques de Melo e Luiz Beltrão, importantes na comunicação por suas influências e contribuições na área de Folkcomunicação, foram citados. O grande destaque mostrado foi o jornalista e escritor brasileiro, Alberto Dines. A partir de suas experiências e seu olhar crítico da mídia, Alberto Dines contribuiu para o desenvolvimento de estudos avançados em jornalismo, avaliações críticas dos jornais e da mídia, recuperando conceitos da Escola de Frankfurt e os aplicando à imprensa hoje.

O segundo expositor foi o Prof. Dr. Manoel Freire, o qual apresentou o projeto criado na Universidade Estadual da Paraíba que é a UAMA - Universidade Aberta à Maturidade. Ele explicou que o projeto foi uma adaptação àquilo que já existia na Espanha, época que estudou lá, porém com aspectos da realidade local. O objetivo é mudar a qualidade de vida dos idosos. Qualquer idoso pode participar, basta ter mais de 60 anos. Os conteúdos trabalhados envolvem: saúde e qualidade de vida; educação e cidadania; cultura e lazer; cultura e sociedade. Para o professor, a população idosa está aumentando, enquanto que os jovens estão morrendo mais.

O terceiro expositor foi o  Dr. William Alves, o qual lidera o projeto odontogeriatria e atua com bolsistas no Centro de Convivência do Idoso, da secretaria municipal de assistência social de Campina Grande. Para ele, trabalhar com idosos é mais prazeroso e traz alegria, mais vontade de viver, pois eles transmitem uma energia boa.  

A quarta expositora foi a Profa. Dra. Silêde Leila,  falando sobre o direito à memória e a ressignificação de termos e conceitos tradicionais que preconizam ou negativizam os espaços que abrigam os idosos. Os abrigos são espaços onde os idosos reassumem suas atividades sociais, aprendem novos exercícios físicos, mentais e manuais, se mantendo ativos.

Por fim, a quinta e última expositora Profa. Márcia Adelino discutiu um pouco sobre educação popular como uma construção de referencial para cidadania. Para ela, a educação popular é deixar que as pessoas falem e não apenas levar o conhecimento à população. "Eu preciso ouvir para reconstruir", disse. Segundo Márcia, Paulo Freire diz que há uma invasão cultural quando levamos o conhecimento e o depositamos em um lugar, sem absorver/ouvir o que as pessoas do local tem a nos oferecer.

2ª Mesa:
A segunda mesa iniciou-se com a Profa. Dra. Mª Lindaci Gomes, relatando experiências em comunidades quilombolas sobre memórias e práticas culturais. A professora começa elencando quatro modelos de velhice: a da repulsão que excluem os idosos da sociedade; a dos serviços sociais e entretenimento; a da participação, em que os idosos assumem novos papéis; e, a da autorealização, na qual os idosos, a partir de suas experiências de vida, crescem e desenvolvem criatividades. É nesse último modelo que a experiência foi embasada na comunidade, trabalhando-se com idosos quilombolas. Ela destaca que dois tipos de memória fazem parte dessa comunidade: a memória remanescente, em que os  mais velhos não reconhecem suas identidades, se dizem mulatos e não negros, além de suas resistências quanto ao fato de aceitarem ser quilombolas; e a memória ressignificada ou ressurgente, em que os mais jovens reconhecem suas origens e aceitam suas identidades. Ao final, a professora fala sobre práticas de cura narradas por mulheres dessa comunidade, assumindo o papel de medicina alternativa, através de garrafadas e rezas que curam, por exemplo.

A segunda expositora, Profa. Dra.  Mércia Rejane, fez um apanhado de conceitos antropológicos sobre a concepção de quilombo e suas ressiginificações. Através de suas experiências na comunidade dos grilos, ela delineou as memórias que resgatou desses quilombolas. O tema memórias também foi elucidado pelo terceiro expositor,  o Profº Dr. José Gabriel, em que através de um programa desenvolvido na universidade que tenta estabelecer o lugar para a memória, explana sua experiência sobre as memórias dos Potiguares. Para ele, precisamos desafiar e refletir sobre as práticas de memória e diversidade no nosso cotidiano. 

Por fim, a última expositora, Profa. Dra.  Patrícia Aragão, finaliza a mesa tratando do diálogo intergeracional, cultural e educacional nos quilombos que geram uma cidadania cultural.


O evento segue até amanhã com grupos de trabalhos e mesas redondas. A programação pode ser acessada através do site: http://ereipa.wix.com/ereipa


Mariana Pimentel
Estudante de Jornalismo e Letras
@Mari_Pimentel_
Cel.: (083)8732-6705
e-mail: ramospimentel@gmail.com

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